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Rodrigo  Hirose
Rodrigo Hirose

Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com

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O futuro quer refúgio

| 20.06.18 - 14:35

A Organização das Nações Unidas (ONU) acaba de divulgar um relatório que escancara uma ferida aberta: o mundo tem hoje 68,5 milhões de refugiados, o maior número da história. A crise humanitária recrudesce graças aos conflitos bélicos, como na Síria e na Palestina, e às questões econômicas e sociais, como na Venezuela e no Haiti.
 
São países devastados pela fome, pela guerra, pela opressão política. São famílias destroçadas, trajetórias interrompidas, vidas que se arriscam em busca de oxigênio, e que muitas vezes encontram portas fechadas ou a morte. Os sem-pátria representam hoje a maior tragédia humanitária do planeta.
 
Uma pequena fração deles ironicamente busca um lugar ao sol no Brasil. São aproximadamente 10 mil pedidos de abrigo no País, segundo as autoridades constituídas. A maior parte de venezuelanos, fugindo da desolação causada pelo regime político, e de sírios, massacrados pela guerra civil.
 
Mas, por que digo “ironicamente”? Ao mesmo tempo em que a ONU atualiza os números recorde de refugiados, pesquisa Datafolha revela uma cicatriz escondida sob a gaze da normalidade cotidiana: 70 milhões de brasileiros deixariam o País, se pudessem.
 
Os potenciais refugiados voluntários brasileiros formam uma massa de desesperançosos. Não enxergam no País o porto seguro para construir seus sonhos. São pessoas acuadas pelo medo da violência que mata mais de 60 mil pessoas por ano, desiludidas com a realidade política, abatidas pela falta de perspectiva econômica.
 
As classes sociais mais baixas sonham com o eldorado americano. As mais abastadas, buscam a segurança e a qualidade de vida de países europeus, especialmente Portugal. Os jovens de baixa escolaridade esperam algum retorno financeiro, mesmo em subempregos. Os mais qualificados almejam uma carreira sólida.
 
De acordo com o Datafolha, a vontade de deixar o Brasil é significativa em todas as faixas etárias e perfis socioculturais. Mesmo entre quem tem mais de 60 anos, 24% disseram que se mudariam para o exterior se pudessem. Entre os brasileiros com ensino superior, 56% o fariam. Nas classes A e B, 51% seguiriam o mesmo rumo.
 
Mas é na faixa etária dos 16 aos 24 anos que o índice atinge níveis assustadores. Nada menos que 62% dos entrevistados nessa faixa gostariam de deixar o Brasil. São 19 milhões de jovens. É como se todos os moradores de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins fizessem as malas.
 
O futuro do Brasil não enxerga futuro no Brasil.

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