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Rodrigo  Hirose
Rodrigo Hirose

Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com

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Por que rejeitamos os símbolos nacionais?

| 03.09.18 - 14:06
Segunda-feira, 6h45. Na entrada da escola particular, localizada em um dos bairros mais nobres de Goiânia, um dos alunos diz satisfeito que na próxima sexta-feira será feriado. Semana mais curta. Por quê? “Não sei”, responde. Dou a dica: 7 de Setembro. “Ah!, é o Dia da Independência”.
 
Sigo para um evento, na Praça Cívica, que marca o início das celebrações da Semana da Pátria. As imagens do incêndio do Museu Nacional, do Rio, estão frescas na mente. Imagino o tamanho da perda, certamente irreparável.
 
Já na Praça Cívica, acompanho o hasteamento das bandeiras, a execução do Hino da Independência. Alunos de outra escola particular chegam depois, já nos cinco últimos minutos do desfile. Penso se eles reconheceriam os versos “Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil’.
 
Quando criança, todos os dias, antes de entrar para a sala de aula, perfilados cantávamos o Hino Nacional, rezávamos o Pai-Nosso e a Ave-Maria. Havia as aulas de Moral e Cívica e OSPB (Organização Social e Política do Brasil). A ditadura já havia ficado para trás e os professores dessas disciplinas, concebidas para exaltar o regime, aproveitavam as aulas para falar de história e política enquanto elas não era definitivamente banidas do currículo.
 
Não tenho qualquer saudosismo desse período. Não acredito que crianças devam diariamente perfilar-se tal qual militares e cantar a plenos pulmões a letra de Duque Estrada e muito menos rezar – a não ser que seja uma escola abertamente confessional, sendo nesse caso uma opção dos pais.
 
Contudo, o processo de distensão evoluiu para um outro extrema até chegar à ruptura. A Bandeira e o Hino Nacional são lembrado apenas como adereços de disputas esportivas. Hino da Independência, Hino da Bandeira são completamente desconhecidos e praticamente ignorado nas salas de aula. O trauma dos 25 anos de ditadura criou uma ojeriza aos símbolos nacionais, como se eles pertencessem apenas aos militares e não a todo o povo brasileiro.
 
Não é uma simples coincidência o incêndio do Museu Nacional ter ocorrido exatamente no primeiro dia da Semana da Pátria. O patriotismo pode até ser o refúgio dos canalhas – e o atual momento político é pedagógico quanto a isso –, mas um país que desconhece, despreza e não utiliza sua história como ferramenta para se aperfeiçoar, corre o sério risco de ver seu futuro reduzido a cinzas.
 

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