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Sobre o Colunista
Rodrigo Hirose
Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com
Em poucos dias, o brasileiro participará da mais importante eleição desde a redemocratização. O País segue mergulhado naquela que muitos especialistas consideram a pior crise econômica de sua história. O desemprego não reflui – há 13 milhões de desempregados e mais 5 milhões de desalentados (aqueles que desistiram de procurar uma vaga). A produção industrial patina. O comércio não vende porque não há crédito: cerca de 60% dos brasileiros estão endividados. O Governo não tem dinheiro para investir e o Brasil não parece atraente para investidores privados, internos ou externos.
Ao lado desse caldo econômico, surge uma efervescência política também incomum. Posicionamentos político-ideológicos transformaram as pessoas em inimigas. A desilusão com o fim do ciclo da esquerda no poder – que o assumiu acenando com um novo horizonte mais próspero e igualitário para todos – culminou na ressaca da emergência de uma direita raivosa e insana. Entrincheirados, eleitores de ambos os lados fomentam a cultura do ódio ao adversário.
A se confirmar os prognósticos das últimas pesquisas eleitorais, o segundo turno das eleições presidenciais se configurará como uma disputa entre rejeições. Atualmente, o líder dos levantamentos, Jair Bolsonaro (PSL), lidera esse quesito. Contudo, a aversão a Fernando Haddad (PT), hoje favorito a ir para a segunda etapa do pleito, cresce na mesma medida em que saltam seus índices de intenção de voto. Nesse cenário, vencerá o menos odiado – o que é um agravamento do critério do “menos pior” tradicionalmente adotado em eleições anteriores.
Em carta publicada esta semana, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (cujo governo, acredito, ainda será resgatado pela história), diz ser necessário recuperar “a virtude da tolerância à política, requisito para que a democracia funcione”. As palavras do ex-presidente, contudo, remetem a uma voz que clama no deserto, mesmo porque o tucano há muito perdeu o status de líder.
Qualquer que seja o eleito, herdará um país com sérios problemas orçamentários e financeiros. O Brasil há muito empurra com a barriga reformas inadiáveis, tais como a da Previdência, a tributária e a mãe de todas as reformas, a política. A situação fiscal do Estado é decrépita e a população não suporta mais pagar a conta.
A fotografia eleitoral do momento mostra que nenhum candidato de perfil conciliador se viabilizou e que os dois protagonistas até aqui não parecem ser capazes de, senão unir, ao menos apaziguar os ânimos em busca do bem coletivo.
Está formada a tempestade perfeita e o que pode resultar dela são destroços difíceis de remendar depois. Concretizado esse cenário, ao vencedor não sobrarão nem as batatas, apenas o ódio.