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Sobre o Colunista
Rodrigo Hirose
Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com
Goiânia - Quando criança, convivi com um homem que tinha uma teoria interessante: o homem nunca havia pisado na Lua; tudo não passa de mentira dos Estados Unidos. Mas, e as imagens? Montagens, com intuito de enganar as pessoas. A prova de sua teoria era, também, intrigante: se o homem tivesse mesmo visitado o satélite da Terra, por que, então, não fazia outras viagens para lá?
O Mito da Caverna, de Platão, indica caminhos mentais que nos fazem construir convicções, ainda que elas estejam dissociadas da factualidade. Nele, homens acorrentados enxergam nos vultos projetados na parede da caverna uma realidade alternativa na qual creem. Libertar-se das correntes e enxergar o mundo lá fora como ele é demandaria esforço, sofrimento e adaptação. Melhor, então, permanecer acorrentado.
Redes sociais são ambientes ideais para a semeadura de realidades alternativas. Neste período eleitoral, especialmente, elas encontram terreno fértil para germinar, brotar e crescer até frondosa árvore cuja sombra não protege do calor, mas impede que se enxergue além do contorno das silhuetas, como o cego de Betsaida.
Cria-se uma rede de teorias da conspiração digna de histórias em quadrinhos, onde há sempre um supervilão com planos de conquistar o mundo e, consequentemente, um super-herói pronto para nos salvar. Faz-se um exercício mental para explicar o batom na cueca, que sempre foi colocado lá pela maldade dessa “imprensa manipuladora, vendida e comunista (ou fascista, a depender do gosto do freguês)”.
Eleitores assim, espalhados aos montes nas redes sociais, lembram Simão Bacamarte, o alienista que construiu a Casa Verde na Vila de Itaguaí. De tanto perscrutar a anormalidade alheia, acabou acreditando que a única normalidade era a sua própria. Ninguém passava por seu escrutínio. Assim, mas fácil trancafiar-se no hospício e deixar que todos os demais circulem lá fora.
No Twitter, no Facebook e, principalmente, no WhatsApp, eleitores encontram seus moinhos de vento e neles enxergam gigantes oponentes. Tal qual Alonso Quijano, idealizam uma Dulcineia de Toboso, projetada em seus candidatos. Correm o risco de terminar como o fidalgo, amargurado ao deparar-se com a vida real.