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Sobre o Colunista
Rodrigo Hirose
Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com
Goiânia - Quem nunca compartilhou uma fake news, que atire o primeiro celular. Elas estão em todos os smartphones, tablets, computadores. Se espalham como erva daninha e contaminam as discussões – especialmente as políticas –, exacerbando as paixões e nublando o pensamento. Mas, por que elas são tão onipresentes e eficazes?
Pesquisadora da Universidade Federal de Pelotas, jornalista e especialista em discurso mediado pelo computador e mídias sociais, Raquel Recuero dá algumas pistas. Em entrevista ao jornal catarinense Notícias do Dia, ela explica que as notícias falsas são carregadas de forte carga emocional. No WhatsApp, principal ferramenta de viralização, geralmente são acompanhadas de mensagens com sentido de urgência, tais como “Compartilhem com todos os seus amigos” ou “Se chegarmos a um milhão de compartilhamentos conseguiremos mudar isso”.
No Twitter e no Facebook, as notícias falsas são impulsionadas por corroborarem teses com as quais concordamos. Nesse caso, geralmente, as pessoas se limitam a ler os títulos e não se preocupam em checar se há factualidade no conteúdo.
Em outra pesquisa, a empresa de segurança digital Trend Micro mapeou geradoras de fake news em vários países. Descobriu, por exemplo, que a indústria das notícias falsas movimenta um mercado milionário tem em seus consumidores um público fácil. De acordo com o levantamento, 80% dos usuários de mídias sociais não checam a veracidade das informações que compartilham. Mais: metade deles já tomou alguma decisão baseado em Fake News.
De olho nas eleições do Brasil, a Universidade Oxford estudou a difusão não só das fake news, mas também das junk news (algo como notícias-lixo). As junk news incluem não apenas as notícias claramente mentirosas, mas também aquelas que são propositalmente distorcidas, com enviesamento ideológico. Elas apelam para falsificação de fontes, uso de marcas de grandes veículos de comunicação para conferir veracidade, e, mais uma vez, têm forte estilo emocional.
Segundo a pesquisadora Nahema Marchal, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, os produtores de notícias-lixo exploram a raiva do leitor. Por isso, tendemos a compartilhar informações que denigram a reputação dos candidatos que não gostamos.
A chamada imprensa tradicional tenta reagir às fake news, mas, com credibilidade abalada em um ambiente hostil às instituições, tem tido pouco sucesso. Com os serviços de checagem (fact-checking), os órgãos tentam sobreviver e resgatar o papel de validador da verdade, mas não conseguem escapar da milenar questão do poeta Juvenal: “Quem vigia os vigias?”. Ou, contemporaneamente: “Quem checa os checadores?”.
Mal do século da informação, as fake news chegaram para ficar e não há qualquer sinal de que isso vá mudar. Por trás de cada uma delas, há sempre um apressado, um paranoico ou um mal-intencionado.