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José Abrão
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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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Nova temporada de ‘Black Mirror’ tem mais acertos do que erros

| 16.04.25 - 10:24 Nova temporada de ‘Black Mirror’ tem mais acertos do que erros Cena de USS Callister: Infinity, último episódio da temporada (Foto: divulgação)Após uma sexta temporada desdentada e, na melhor das hipóteses, desequilibrada, Black Mirror voltou com uma sétima temporada na Netflix que parece ter aprendido um pouco com os erros de 2023. Os seis novos episódios ainda são meio ambivalentes e desbalanceados, mas não ao ponto de serem uma perda de tempo como a maior parte da temporada passada. O resultado é um tanto mais coeso, engajante e criativo do que os episódios anteriores.
 
A sétima temporada abre com o episódio mais “isso é muito Black Mirror” da leva: “Pessoas Comuns”. Trata-se de um verdadeiro terror dentro do estilo e da lógica original da série. Apesar de profundamente perturbador, ele perde um pouco de gás exatamente por cair na velha fórmula de choque da franquia: era inovador em 2011, não em 2025. É também o que mais arrisca algum comentário social, mas também é fraco, não indo além do bom e velho capitalista malvadão que fica atrás da sua mesa torcendo o próprio bigode e rindo maquiavelicamente enquanto tortura nossos mocinhos.
 
O segundo episódio, “Bête Noire”, é um dos mais fracos, mas serve pra limpar o paladar depois do pornô de tortura que é o primeiro episódio. Ele explora a paranoia e o conflito interno entre duas antigas colegas de colégio conectadas pelo bullying que uma praticava com a outra. O que começa e se desenrolar de forma interessante cai de cara com um final absurdo e ridiculamente inverossímil, rompendo com toda a proposta estabelecida anteriormente.
 
A temporada ganha gás no terceiro episódio, “Hotel Reverie”, uma prequela espiritual de San Junipero, disparado o melhor episódio já feito do seriado, que sabe disso e tenta desesperadamente capturar o relâmpago outra vez, com níveis variados de fracasso. O capítulo foca no romance inesperado entre uma atriz cuja consciência fica presa em uma realidade virtual com uma reconstrução em IA de uma famosa atriz dos anos 1940. Não tem nada exatamente de inovador aqui, mas pelo menos o roteiro, atuações e personagens são cativantes o suficiente para finalmente fazer com que a audiência se sinta imersa na história.

 

Porém, a alegria dura pouco e a  série volta a perder o pique no quarto episódio, “Brinquedo”, com um desperdiçado Peter Capaldi e um ainda mais desperdiçado Will Poulter que retorna como o programador Colin Ritman, do episódio interativo Bandersnatch. O capítulo tem a premissa interessante de um software interativo que ganha consciência e cresce com o objetivo de melhorar de forma benéfica a humanidade. Após uma hora de exposição irrefreada, o episódio acaba sem que a parte mais interessante aconteça. Uma decepção.
 
Se você estava prestes a desistir, fique pelo quinto e melhor episódio da temporada, Eulogy, carregado nas costas em quase um formato de monólogo pelo excelente Paul Giamatti. A trama acompanha um homem que, por meio de fotografias, aos poucos reconstrói as memórias de um amor perdido, obviamente descobrindo que as coisas não aconteceram como ele havia imaginado. O capítulo é emocionante e envolvente de formas cada vez mais raras em Black Mirror.
 
O último e mais longo episódio, USS Callister: Infinity, é uma continuação direta do episódio USS Callister, da quinta temporada e também um dos melhores da série. Infelizmente, a sequência não fica à altura do original, embora seja bom o suficiente para se justificar além de terminar, novamente, em aberto, sugerindo uma terceira parte em temporadas vindouras.
 
Black Mirror volta ainda sem conseguir convencer de que não perdeu sua relevância. Seus novos episódios são mais interessantes do que a última tentativa, mas continuam longe de ter o impacto alcançado no passado.

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