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Eliane de Carvalho .
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Eliane de Carvalho é jornalista e mestre em Rel. Intern. Foi repórter na CBN e em programas de TV da Globo, Band e Cultura; comandou programa de entrevistas na TV Câmara SP; apresentadora de telejornal na TV Alesp e correspondente do SBT, na Espanha. / jornalistas@aredacao.com.br

Inquietudes

Aonde vamos parar com tanto lixo?

| 11.07.25 - 12:00 Aonde vamos parar com tanto lixo? (Foto: Agência Brasil)
 
O alarme do lixão de Goiânia soou em 2011, quando caducou a licença ambiental para funcionar, mas foi a tragédia ambiental do lixão de Padre Bernardo, em junho, que acendeu todas as luzes sobre o problema existente também na capital.
 
De 2011 para cá, o Ministério Público do Estado de Goiás tem atuado sistematicamente. Em 2014, entrou com ação na justiça questionando a falta do licenciamento ambiental do lixão e só em 2020 conseguiu um acordo com a prefeitura da capital, que assinou um Termo de Ajustamento de Conduta, TAC, e se comprometeu a regularizar o funcionamento do lixão.
 
Mas o que se viu foi o descaso total da prefeitura, que deveria ter transportado os rejeitos para aterros sanitários próximos da capital, desativado o atual lixão e tomado medidas para a recuperação ambiental da área, até agosto de 2024. Nada disso foi feito. 
 
Muito pelo contrário. Um relatório da equipe técnica da Secretaria do Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Goiás, SEMAD, apontou que o lixão de Goiânia recebe uma quantidade de resíduos duas vezes e meia acima de sua capacidade, o que leva a instabilidade do maciço e risco de desabamento, além da incapacidade de dar o tratamento adequado aos rejeitos. 
 
O lixão está em área urbanizada, a apenas 300 metros de distância de residências, e expõe os moradores ao mau cheiro. Como está descoberto, aumenta a infiltração das águas das chuvas, e fica exposto ao contato com animais, que são vetores de doenças para a população. 
 
O Aeródromo Nacional de Aviação está a 2 km do lixão e sob risco constante de acidentes, por ser um local de atração de pássaros. A Área de Segurança Aeroportuária, ASA, determina um raio de distância de pelo menos 13 km para operação segura. 
 
O córrego Caveirinha margeia o lixão e pode ser contaminado pela infiltração de chorume no solo, que não dispõe de um sistema eficiente de drenagem, fora o perigo de ruptura das lagoas de contenção. A menos de 900 metros dali, produtores locais dependem da água do córrego para irrigação de hortaliças.
 
Poderíamos ficar aqui horas e horas descrevendo as irregularidades e riscos oferecidos pelo lixão de Goiânia, que levaram a justiça a determinar seu fechamento gradual, em abril, por descumprimento da TAC e falta de licenciamento. A prefeitura recorreu e conseguiu reverter a decisão da justiça. 
 
No entanto, a SEMAD passou a aplicar multas diárias de 10 mil reais contra a prefeitura e constatou que a situação do lixão é irreversível. Já  o Ministério Público de Goiás não admite mais prorrogação de prazos, porque não se pode negociar práticas de crimes ambientais. 
 
Parece que estamos assistindo a um mesmo filme. Quanto tempo mais será necessário até que ocorra uma tragédia semelhante a do lixão de Padre Bernardo?
 
Neste momento, estamos apenas apagando incêndios. Mas a existência dos lixões irregulares e mesmo a dos aterros sanitários, que atuam dentro das normas técnicas, precisam nos levar a questionamentos sobre a nossa forma de consumir e o lixo que geramos a partir de um consumo desenfreado, que satisfaz desejos e não a reais necessidades. 
 
A saúde do planeta não coexiste com a sociedade de consumo. Precisamos repensar e redefinir a forma como atuamos no mundo.

Comentários

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  • 11.07.2025 12:39 Armando Araújo

    Pena que o Mabel é surdo.

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