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Antonio de Padua Teixeira

Os portos

| 03.05.24 - 12:00
 
Após ter sua administração transferida por concessão à VPorts, o Porto de Vitória apresentou expressivo aumento em sua movimentação no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Para melhorar ainda mais pretende recuperar sua ferrovia interna que estava abandonada. A VLi assumiu compromisso com a Autoridade Portuária para melhorar a operação no porto que poderá então retomar a operação ferroviária.
 
O Porto do Açu, que fica entre Vitória e o Rio de Janeiro, no município de Campos, apresentou em seminário promovido recentemente pelo Coinfra, o Conselho de Infraestrutura da Fieg, informações sobre sua movimentação, suas instalações e suas perspectivas para o futuro. Por ele já são exportadas cargas goianas, especialmente milho, que chegam ali apenas por via rodoviária.
 
O contrato de concessão da ferrovia em Goiás foi assinado em 1996 com prazo de 30 anos. Ele estabelece que poderá ser prorrogado por até mais trinta anos, desde que a concessionária manifeste seu interesse em até 60 meses antes do final e a Concedente deve decidir, impreterivelmente, em até 36 meses antes do prazo final. Ambos os prazos já se esgotaram. O contrato caducou?
 
É verdade que a FCA apresentou uma proposta, mas ela era tão ruim que foi recusada pela ANTT. O Crea também se manifestou contra ela na época, entre outros motivos porque não havia nenhuma previsão de investimento em Goiás.
 
Nós temos uma situação geográfica privilegiada em relação ao transporte ferroviário. As cargas de Goiás transportadas pela ferrovia, se chegassem em Araguari, poderiam escolher se continuariam para Santos ou para o Espírito Santo. Açu também pretende ser uma alternativa. O caminho inverso também deveria ser possível se a ferrovia funcionasse. As importações de Goiás e Brasília poderiam chegar por Santos ou pelo Espírito Santo. Este transporte poderia tornar realidade a tão ansiada regeneração da nossa região da Estrada de Ferro.
 
Após a conclusão do tramo Central da ferrovia Norte-Sul, parte expressiva dos graneis agrícolas está sendo embarcada em Rio Verde e São Simão com destino ao porto de Santos, havendo se iniciado em 2023 também o transporte de contêineres a partir de Anápolis.
 
As exportações desses graneis (soja, milho e farelo de soja) pela região da Estrada de Ferro foram de 2.267.791 toneladas em 2023. Apenas 344.768 t de farelo saíram de trem de Anápolis para Tubarão e 212.431 t de farelo saíram de Ipameri para Tubarão. O resto andou de caminhão.
 
Exemplo mais gritante é o dos contêineres. Transportados pela VLi chegaram a Anápolis 19.179 toneladas de cargas conteinerizadas em 2023, equivalentes a aproximadamente 1.370 contêineres de 20’. Não saiu nenhum. Enquanto isto, no mesmo período, foram transportadas pela Rumo 1.716.150 toneladas de cargas conteinerizadas, com origem ou destino em Rondonópolis, aproximadamente 120 mil contêineres de 20”. O potencial da região de Goiânia/Anápolis/Brasília é bem maior.
 
Com certeza falta o investimento que não estava previsto na primeira proposta. Não sabemos ainda o que vai ser apresentado na outra, que já deveria ter sido apresentada e aprovada para que a concessionária tenha segurança para fazer seus investimentos, fundamentais para que nossa região da Estrada de Ferro possa contar com este modo de transporte centenário que ainda apresenta ótimas perspectivas para um futuro mais sustentável. Por enquanto ele está abandonado.

*Antonio de Padua Teixeira é engenheiro civil e Assessor Institucional do Crea-GO


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