Sabemos que comer bem tem grande influência na saúde do ser humano – e isso já começa logo após o nascimento. Estudos já nos mostram os benefícios da amamentação para a mãe e o bebê. Na próxima etapa da vida, ensinamos a introdução alimentar com legumes, verduras e comidinhas mais naturais. E assim, as orientações são estendidas por toda a vida. Afinal, quem nunca ouviu a máxima “descasque mais e desembale menos”?!
A hipercolesterolemia, como tecnicamente é chamado o aumento de colesterol no sangue, é assintomática, independentemente da faixa etária. Por isso, trago esse material com o objetivo de reforçar junto aos pais e responsáveis sobre a importância de estarmos atentos aos exames de rotina das crianças, em especial aquelas que já apresentam histórico familiar com a doença diagnosticada.
Além disso, reforço que o colesterol infantil também recebe influência do sedentarismo, ou seja, devemos estimular a prática de atividade física para as crianças, que também é de extrema importância para o desenvolvimento hormonal nessa etapa.
Apesar de seguir recomendações de uma vida saudável, algumas pessoas têm a tendência de apresentar alta nos índices de colesterol – a popular gordura no sangue. E isso não é diferente com as crianças. Globalmente, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) estima que 35 milhões de indivíduos tenham hipercolesterolemia familiar, e que a cada minuto nasça uma criança com tal diagnóstico.
Com o passar do tempo, sem a devida assistência, o quadro pode apresentar consequências graves. Ao se acumular no sangue, o excesso de gordura forma placas no sistema vascular, em especial em artérias do coração e do cérebro – órgãos vitais. Como consequência, podemos verificar doenças cardiovasculares, como infarto, AVC e derrame em crianças.
Para se ter uma ideia, a SBP apresenta um dado alarmante: o derrame cerebral acomete aproximadamente 2,5 a 13 pacientes pediátricos a cada 100 mil analisados – e hipercolesterolemia e diabetes são alguns fatores de risco avaliados. Apesar disso, quadros esses que podem ser evitados desde a infância com a chamada medicina preventiva, com hábitos de vida saudáveis e, quando necessário, uso de medicamentos.
Portanto, colesterol alto em crianças tem tratamento e elas podem levar uma vida saudável e normal para suas atividades, mas o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico especializado são fundamentais.
*Marília Barbosa é endocrinopediatra