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Aprendendo perseverança em um jogo de celular

| 21.08.25 - 09:20 Aprendendo perseverança em um jogo de celular Haru Urara, a perdedora mais vencedora (Imagem: divulgação)Durante o mês de julho eu estive de férias, o que coincidiu com a explosão de um jogo gratuito para PCs e celulares muito específico no mercado ocidental: UmaMusume Pretty Derby. É um jogo gacha de corrida de cavalos com mecânicas de roguelite que você participa de competições e faz carreiras repetidas vezes com seus personagens preferidos, sempre mantendo um pouquinho do progresso anterior, lentamente avançando no ranking.
 
Seria uma proposta bem direta se não fosse por um detalhe importante: os cavalos de corrida são garotas de anime. Sim. Eu sei. Pois é. Lançado originalmente no Japão há quatro anos, o jogo explodiu no cenário global no mês passado em parte pelo fluxo da sua mecânica, em parte pelas personagens de anime fofinhas, mas, ao meu ver, seu ponto mais sedutor foi outro: o seu tom agressivamente positivo.
 
Estamos falando de um jogo competitivo de corrida com mascotes, basicamente (todas as personagens são baseadas em cavalos de corrida reais, suas carreiras e personalidades. Sério). Mas, o próprio metagame e o fandom não encorajam a competição, rivalidade, nem são tóxicos. Há toda uma pegada baseada em dar o seu melhor, não desistir dos seus sonhos e sempre aproveitar a jornada mesmo que as coisas não estejam dando certo.
 
Mensagens poderosas no mundo real do capitalismo tardio em que tudo parece ir de mal a pior, nazistas estão de volta e a catástrofe climática é inevitável. Se você viu o novo filme do Superman, a sensação é mais ou menos a mesma: o poder de encorajamento de uma mensagem positiva tem movido montanhas ultimamente.
 
No caso de UmaMusume, essa positividade fica muito clara principalmente na personagem Haru Urara, que é baseada em uma égua real, ainda viva, que disputou e perdeu todas as 113 corridas das quais participou. No jogo, ela é representada como uma menina pequena e frágil, sem a aptidão física necessária para vencer as grandes competições. Mas o que falta de porte, sobra em otimismo: Urara só quer correr porque ela ama o que faz.
 
Ao contrário das outras personagens, ela sempre comemora ao cruzar a linha de chegada, inclusive quando termina na última colocação. Não tem tempo ruim pra ela. Há apenas o amor pelo jogo, a dedicação, o esforço e a satisfação de, quem sabe, se sair melhor da próxima vez.
 
Algo que no game é possível: até agora, eu consegui vencer todas as corridas no modo carreira com apenas três das dezenas de personagens. Urara foi uma delas, contra todas as expectativas e probabilidades. Há algo de especial em poder jogar com uma personagem que simplesmente nunca desiste, mesmo se você, enquanto jogador, desanimar.
 
O tal jogo também tem alguns animes no Ocidente, algo que a maior parte das pessoas está descobrindo agora. Eles são bem legais, mas acho o produto original mais bacana por ter o fator de agência do jogador na equação. Caso queira ver para crer, basta baixar.

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