Foto: Rodrigo Obeid/A Redação
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Carolina Pessoni
Goiânia - No Setor Vila Nova, entre lojas de roupas, utilidades, raízes, pequenos restaurantes e um vai e vem de moradores que se cumprimentam pelo nome, está um dos espaços mais tradicionais de Goiânia: o Mercado da Vila Nova. Fundado em 1957, o local guarda parte importante da história da cidade não só por sua longevidade, mas pela sua ligação com a formação do bairro e com a presença marcante da cultura nordestina na capital.
Toda semana, o autônomo Rafael Silva, de 38 anos, atravessa a cidade para comprar pimenta de cheiro e goma de tapioca no Mercado da Vila Nova. Filho de um pedreiro cearense, Rafael, que nasceu em Goiânia, diz que o passeio é também uma forma de se aproximar de suas origens. “Aqui eu lembro do meu pai. As bancas com farinha no saco, a conversa entre os vendedores. Parece que a gente tá lá no Nordeste”, conta, enquanto prova uma cocada recém-feita e troca abraços com os feirantes, quase todos conhecidos de longa data.
Segundo diretor de Mercados da Secretaria Municipal de Gestão de Negócios e Parcerias (Segenp), Rodrigo Cabral, o mercado nasceu do adensamento populacional que aconteceu na região após a ocupação da chamada “Campininha”, ainda nas décadas iniciais da construção de Goiânia. “Ali se formou um polo da população nordestina que veio trabalhar na construção da cidade. O mercado surgiu primeiro como uma feira livre a céu aberto, e em 1957 ganhou estrutura fixa, tornando-se um mercado municipal”, explica.
O prédio, com quase 70 anos de história, foi construído em um modelo peculiar: um condomínio edificado pela iniciativa privada, sem custos para o município. A empresa vencedora da licitação da época, a Enac – Empresa Nacional de Mercados Ltda., foi responsável pela obra e recebeu o direito de comercializar as lojas, boxes e demais espaços, desde que houvesse prévia aprovação da prefeitura. Ao poder público ficaram reservadas unidades estratégicas como sanitários, administração, áreas de circulação e equipamentos públicos como agência de Correios e posto telefônico.
O Mercado da Vila Nova surgiu como um polo da população nordestina que veio trabalhar na construção de Goiânia (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
A construção ocupou parte da Praça Boaventura Moreira de Andrade, no coração do Setor Vila Nova. Legalmente, o terreno continua sendo área pública, já que nunca houve o desmembramento ou a desafetação legal do espaço, como prevê a legislação. Isso significa que, tecnicamente, o mercado ainda pertence ao município, mesmo com a existência de lojas de propriedade privada.
Hoje, o Mercado da Vila Nova funciona como um espaço misto: abriga 93 lojas particulares e 29 sob gestão da Prefeitura. Os permissionários privados são proprietários dos imóveis, e a prefeitura não interfere na atividade comercial deles. Já os boxes públicos são organizados por meio de licitação sempre que um ponto é desocupado, com o objetivo de manter a variedade de segmentos e atratividade para o público.
Quando foi inaugurado, o foco do mercado era totalmente voltado às tradições do Nordeste: roupas, chapéus, alimentos típicos e produtos de uso diário da cultura nordestina. “É um ponto de encontro para as raízes. O mercado tem um valor simbólico enorme, é uma referência para os moradores da Vila Nova, que são muito bairristas”, afirma o diretor.
O mix de produtos do mercado é variado, indo de calçados e roupas até ervas medicinais (Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
De fato, a ligação entre o mercado e o bairro é profunda. Além de abastecer os moradores, impulsionou o desenvolvimento da região, ajudando a fixar famílias e a gerar renda. Rodrigo Cabral destaca que essa função social permanece viva. “Hoje temos um mix de produtos variado: alimentação, confecção, calçados, relojoarias, entre vários outros produtos. É um lugar pulsante, que mescla comércio, identidade e memória”, diz.
Atualmente, a Prefeitura realiza estudos técnicos para reparos e manutenção do espaço, diante da importância histórica e comunitária do mercado. Além disso, está em discussão um processo de reconhecimento do Mercado da Vila Nova como Patrimônio Material da Cultura Nordestina em Goiânia, reforçando seu valor como espaço simbólico e representativo de uma das maiores matrizes culturais do Brasil.
Em tempos de grandes shoppings e comércio digital, o Mercado da Vila Nova segue resistindo como uma joia urbana que carrega histórias, cheiros, sotaques e afetos. “É um espaço onde tradição e comunidade caminham juntas, e o passado segue fazendo parte do presente, todos os dias”, arremata Cabral.